quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Rumpelstiltskin








Havia uma vez um moleiro pobre que tinha uma filha muito bela. Um dia aconteceu de ter que ir falar com o rei e, para parecer mais importante, disse:

- Tenho uma filha que pode fiar a palha e convertê-la em ouro.
- Essa é uma habilidade que me impressiona – disse o rei ao moleiro – se tua filha é tão hábil como dizes, traga-a amanhã ao meu palácio e vamos ver isso.

Quando trouxeram a garota, o rei a levou para um quarto cheio de palha, deu-lhe uma roca e uma bobina e disse:

- Trabalha e, se amanhã pela manhã não tiveres convertido toda essa palha em ouro, durante a noite, morrerás.

Então ele mesmo fechou a porta a chave e a deixou só. A filha do moleiro se sentou sem poder fazer nada para salvar sua vida. Não tinha a menor idéia de como fiar a palha e convertê-la em ouro, e se assustava cada vez mais, até que por fim começou a chorar. Porém, de repente a porta se abriu e entrou um homenzinho:

- Boa tarde, senhorita moleira, por que estás chorando tanto?
- Ai de mim – disse a garota – tenho que fiar essa palha e convertê-la em ouro porém não sei como fazê-lo.
- O que me dás – disse o homenzinho – se fizer isso por ti?
- Meu colar - disse ela.

O homenzinho pegou o colar, sentou-se à roca e whirr, whirr, whirr três voltas e a bobina estava cheia. Pôs outra e whirr, whirr, whirr três voltas e a segunda estava cheia também. E seguiu assim até o amanhecer, quando toda palha estava fiada e todas as bobinas cheias de ouro. Ao despertar o dia o rei já estava ali, e quando viu o ouro ficou atônito e encantado, porém seu coração se tornou mais avarento. Levou a filha do
moleiro a outra sala, muito maior e cheia de palha e lhe ordenou que fiasse a noite inteira, se apreciava a vida. A garota que não sabia o que fazer, estava chorando quando a porta se abriu de novo. O homenzinho apareceu e disse:

- Que me darás se eu converter essa palha em ouro? - perguntou ele.
- O anel que levo em meu dedo – disse ela.

O homenzinho apanhou o anel e começou outra vez a girar a roca, e pela manhã havia fiado toda a palha e convertido em brilhante ouro. O rei ficou felicíssimo quando viu aquilo. Porém como não tinha ouro suficiente, levou a filha do moleiro a outra sala cheia de palha, muito maior que a anterior, e disse:

- Tens que fiar isso durante esta noite, se conseguires, serás minha esposa.
- “Apesar de ser a filha de um moleiro, “ pensou, “ não poderei encontrar esposa mais rica no mundo.”

Quando a garota ficou só, o homenzinho apareceu pela terceira vez, e disse:

- Que me darás se fiar a palha desta vez?
- Não tenho mais nada para te dar – respondeu a garota.
- Então me prometa, que se te tornares rainha, me darás teu primeiro filho.
- “Quem sabe se isso ocorrerá alguma vez.“ pensou a filha do moleiro.

E não sabendo como sair daquela situação, prometeu ao homenzinho o que ele queria e uma vez mais a palha foi convertida em ouro. Quando o rei chegou pela manhã, e encontrou todo o ouro que havia desejado, casou-se com ela e a preciosa filha do moleiro tornou-se rainha. Um ano depois, trouxe ao mundo um belo menino, e em nenhum momento se lembrou do homenzinho. Porém, de repente, veio ao seu quarto e lhe disse:

- Dá-me o que prometeste.

A rainha estava horrorizada e lhe ofereceu todas as riquezas do reino para deixar seu filho. Porém o homenzinho disse:

- Não, algo vivo vale para mim mais que todos os tesouros do mundo.

A rainha começou a se lamentar e chorar tanto que o homenzinho se compadeceu dela:

- Te darei três dias - disse – se descobrires meu nome, então ficarás com teu filho.

Então a rainha passou toda a noite pensando em todos os nomes que tinha ouvido, e mandou um mensageiro a todos os cantos do reino para perguntar por todos os nomes que havia. Quando o homenzinho chegou no dia seguinte, ela começou: Gaspar, Melquior, Baltazar... Disse um atrás do outro, todos os nomes que sabia, porém a cada um o homenzinho dizia:

- Esse não é meu nome.

No segundo dia havia perguntado aos vizinhos seus nomes, e ela repetiu os mais curiosos e pouco comuns:

- Seria teu nome Pata de Cordeiro ou Laço Largo?

Porém ele disse:

- Esse não é meu nome.

Ao terceiro dia o mensageiro voltou e disse:

- Não encontrei nenhum nome. Porém, quando subia uma grande montanha ao final de um bosque, onde a raposa e a lebre se desejam boas noites, ali vi um homenzinho muito ridículo saltando.. Deu uma cabriola e gritou:

“Hoje trago o pão, amanhã trarei cerveja no outro terei o filho da jovem rainha. Já estou contente de que nada aconteça que Rumpelstiltskin me chamo.”

Podéis imaginar o contentamento da rainha quando escutou o nome. E quando logo em seguida chegou o homenzinho e perguntou:

- Bem, jovem rainha, qual é meu nome?

A rainha primeiro disse:

- Te chamas Conrado?
- Não.
- Te chamas Harry?
- Não.
- Quem sabe teu nome é... Rumpelstiltskin?
- Te contou o demônio! Te contou o demônio! Gritou o homenzinho e, na sua raiva, bateu o pé direito na terra tão forte que entrou toda a perna e quando tirou com raiva a perna, com as duas mãos se partiu em dois.

Irmãos Grimm

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Inevitável



“...e sob a superfície de uma folha de árvore uma gota de chuva insiste em permanecer, inerte, quase invencível à lei da gravidade, como se pela própria vontade ou teimosia tentasse adiar o seu encontro com a terra, sempre sedenta de água e coisas novas...enfim a gota cai e com ela todo o seu esforço em ficar onde não lhe é mais devido...é uma espécie de lei adotada pela vida da qual nada nem ninguém escapa. Tudo é movimento, nada se perde ou pára no meio do caminho - caminho esse aliás que mal sabemos onde nos leva mas que mesmo assim nos entregamos, conscientes ou não, como se em nossa essência o destino final já tivesse sido revelado. Mas e se esse destino final não existir – talvez estejamos condenados (ou presenteados?) a sempre caminhar e caminhar, para onde, não se sabe, mas o que isso importa, não é? Talvez o segredo da vida não esteja no final do caminho, mas no trajeto que construímos e vivenciamos ao longo de nossa existência.”